A DEUS

Numa triste manhã de verão, sob uma chuva forte que banhava a cidade, seguia o cortejo morosamente rumo ao cemitério. Dentro da urna, um jovem de quinze anos, vítima de um acidente de carro em vésperas de carnaval, sepultava todos os sonhos de adolescente que ainda despertavam. Fora tudo muito rápido, e explicações não caberiam […]

PERDÃO PELA VIOLÊNCIA

Minas Gerais, terça-feira, às 23h30, Cybele, deitada cochilando no sofá em frente à televisão ligada, ensaia assistir ao filme “Jesus”. Subitamente é despertada pelos gritos do marido no quarto. Ainda meio tonta, encaminha-se para o quarto tentando empurrar as pernas que denunciam seus 68 anos de idade. Para estarrecida na porta ao ver o velho […]

“Quadro negro”

Valter, trinta e nove anos, é o professor de Matemática. Veio do nordeste, fugindo da seca que ano a ano assola seu Estado. De estatura baixa, cabeça chata e sotaque nordestino, sobra-lhe o rosto de feições rudes para afastar qualquer deboche. Forma de se impor fora do berço. No primeiro dia de aula, a sala […]

Engano urbano

    Século vinte e um. Tecnologia avançadíssima, bastando apenas um toque de dedos para clicar algum botão e, de repente, abre-se, à nossa frente, um mundo mágico…             Contrastando a isso, o básico do básico parece ficar esquecido, relegado a um canto de tanto ser básico, e, assim desaprendemos ou nem aprendemos a lidar […]

Porque o tempo urge!

 Eles chegaram num caminhão, desceram com a grande escada, a serra e todos os apetrechos necessários. Eram três homens. Tocaram meu interfone e pediram que eu retirasse o carro que estava estacionado em frente. Era para evitar acidente.             Ao me dirigir ao carro, dei com os três armados em frente à árvore.     […]

A PORTA

O que pode uma porta fechar além dos espaços conformes? Pode uma porta fechar as esperanças contidas  na mente aberta dos jovens? Pode uma porta fechar as bocas famintas dos pobres? E pode uma porta fechar as frestas fortes dos nobres? E uma porta, por acaso, é fechada a pessoas esnobes? A porta comporta a […]

A Manoel de Barros

 A poesia entrou em minha infância E eu não sabia. Correr atrás de passarinho, Guardar a pena de uma galinha, E, com a tinta dos meus sonhos, Desenhar uma lua linda. Apreciar a serenidade De um cavalo, Decifrando suas palavras No sussurro dos beiços, No olhar de vassalo… Desconhecendo medos, Postar-me diante de bois, Vestida […]