A lição dos índios

                                      

                                                                               
      A tribo é dos Pataxós, oriunda do Estado da Bahia e aportada em Minas Gerais porque teve suas terras tomadas.
                 Fiéis às suas origens, deram-nos uma aula de civilidade, tão em falta nas grandes metrópoles ultimamente.
            Explicando-nos um pouco sobre seus hábitos, filosofias e crenças, deixaram-nos estupefatos quando nos contaram como se dá a relação do índio com a índia que culmina no casamento.
            Primeiramente, se o índio se interessa por uma determinada índia, joga-lhe uma pedrinha; essa é a mensagem do interesse. A índia, por sua vez, se estiver interessada no índio, devolve-lhe a pedrinha; esse é o código da confirmação do namoro.
            Caso a índia não se interesse em namorar o índio, não lhe devolve a pedrinha; o silencio diz tudo.
            E se o namoro se consumar em casamento, aí o índio dá um “banho de exemplo” no branco.
            Para um índio da tribo Pataxó se casar com a índia, ele é submetido a uma “penosa pena”. Primeiramente, a índia é colocada em uma oca especial. O índio deve carregar uma pedra de 50k até onde se encontra a índia. O caminho corresponde a aproximadamente 1 km. E aí perguntamos: e se o pobre coitado do índio for magrinho, doente e não conseguir? A resposta é imediata: ele sempre consegue, pois, desde a infância, é treinado para tal. Então, perguntamos: para que esse sacrifício?
            E o índio foi preciso: a índia, geralmente, trabalha em lavouras e se adoece ou passa mal, sem conseguir caminhar até o feiticeiro que lhe receitará o remédio para a cura, ou ainda mais grave, se o pajé não conseguir curá-la e ela tiver de se valer da medicina dos brancos – para tanto, buscar socorro mais longe – então o índio, seu marido, deve carregá-la até encontrar ajuda.
            E então veio a pergunta mais interessante: – O índio é fiel a sua esposa?
            E a resposta, de certa forma, justifica todo o “sacrifício” a que o índio se submete para ficar com a amada: – O índio, uma vez casado, só se separa da esposa quando a morte lhe ceifa a vida. Para o índio, os filhos são sagrados. Reconhecem, neles, uma bênção ao casal.
            Perguntamos se a FUNAI para eles é importante.
            Os índios são sinceros. E honestos.
            – A FUNAI é importante, embora o que recebamos seja tão irrisório que não compra nem os remédios direito que precisamos. O governo precisa olhar mais para nós e investir recursos na FUNAI para que sejam revertidos aos índios, porque ultimamente, para nós, os índios, a FUNAI tem sido a sigla de Funerária dos Índios.
            Os índios não gostam de que os brancos lhes imponham outros credos, nem que lhes mudem os costumes. Aliás, quem são os brancos para ensinar os índios a viver?
            Comparemos a estrutura familiar do índio e a do branco…
            E depois ainda há gente que tem coragem de dizer: “isso é coisa de índio…”, numa atitude pejorativa e preconceituosa.
            Do jeito que o nosso país anda, principalmente politicamente falando, não demorará muito e diremos: “isso só pode ser coisa de branco!”
            E palmas para os índios, que eles merecem!

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