A cena é única. Diferentes são os olhares de quem a vê

 

Inverno em Belo Horizonte. O mês é julho. Terça-feira à tarde, hora em que o sol já se afastou da piscina não aquecida do prédio. Moro aqui há quatro meses e, embora o pessoal da manutenção de piscinas venha diariamente, percebo que a água já baixou quatro azulejos.

Estou varrendo a varanda e vejo o zelador, um senhor idoso (provavelmente, o especialista) e um rapaz sem camisa dentro da piscina, com a água chegando próximo ao seu peito, em frente aos azulejos. Sinto por ele, pelo seu trabalho: a água fria, o tempo frio e nenhuma toalha por perto.

Na manhã seguinte, desço para buscar o jornal na portaria. Antes de me aproximar, ouço, ao retornar para o meu apartamento, uma moradora conversando com o porteiro, apenas as seguintes frases: “mas por que ele estava lá dentro? Precisava?” E, rapidamente, o porteiro tenta justificar, mas foi interrompido: “as últimas chuvas…” E a mulher emenda: “Absurdo! Eu não entro mais lá.”

Deixei para buscar o jornal depois.

Fiquei chocada e, para encerrar, lembrei-me de que o funcionário é negro.

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