(Todos) Verão em 2014

Manhã ensolarada de domingo. É o meu aniversário. Comemoro mais um ano de vida e ao mesmo tempo estou reclusa neste chalé, onde busco entender o falecimento precoce do meu casamento de apenas três anos de existência.
Neste chalé à beira da estrada, sintetizo a minha vida. Não estou na cidade e nem no campo; não cheguei aos cinquenta e nem estou no início dos quarenta anos; não sou mais casada, pois, me encontro sozinha, porém, não estou solteira porque continuo presa a papéis e presenças…
Então, esse ser caótico me alucina. Estarei mesmo sozinha ou fantasmas me rodeiam iludindo-me de presenças?
Mas, hoje é domingo. Ensolarado domingo do meu aniversário.
Amanheceu e abro a porta para dar bom-dia à vida, quando, no chão, à frente dos meus pés, eis que vejo um passarinho. Olhos fechados, sem voar. Constato: está morto. Abaixo-me e ergo o seu frágil corpo. Cabecinha baixa, encostando o bico no corpo, olhinhos fechados… Contemplo o pássaro. O que o fez cair sob a minha porta? Tantos chalés ao meu redor… Por que cair justamente “aos meus pés”?
Busco em seu corpo marcas que lhe causaram a morte e não acho nada, aparentemente nada. Então… como, por quê?
Retrato-me no pássaro. Na dúvida sobre o fim do meu casamento, agora confirmo o seu final. As marcas aparentes não existem, as feridas estão dentro, na alma. Acabou, está morto. Mas a expressão serena do passarinho me conforta. A cabeça voltada para o peito e o bico fechado lhe dá a tranquilidade da eterna partida, do voo sem volta, e me induz a voltar-me para dentro de mim, em silêncio, em atitude de reconstrução da minha vida.
Abro a porta para a vida: é o meu aniversário. Devo alçar voo, buscar o infinito, tal qual uma gaivota: superar limites. O pássaro me diz isto: morreu novo o relacionamento, mas, é preciso, quando a vida se renova, libertar-me e buscar as alturas. Dar asas ao infinito e libertar-me de tudo que até hoje me escravizou. Diminuir a distância entre mim e mim. Fundir-me na minha essência e tornar-me única para mim. Sem máscaras, sem máculas.
 
Sou pássaro liberto do cativeiro de se doar, para livre o espaço explorar.

3.513 thoughts on “(Todos) Verão em 2014

  1. Attractive section of content. I just stumbled upon your blog and in accession capital to assert that I acquire in fact enjoyed account your blog posts. Anyway I will be subscribing to your feeds and even I achievement you access consistently quickly.|

  2. hello there and thank you for your info – I have definitely picked up anything new from right here. I did however expertise several technical issues using this web site, since I experienced to reload the site a lot of times previous to I could get it to load correctly. I had been wondering if your hosting is OK? Not that I am complaining, but slow loading instances times will often affect your placement in google and could damage your high-quality score if ads and marketing with Adwords. Well I’m adding this RSS to my email and can look out for much more of your respective intriguing content. Ensure that you update this again soon.|

  3. Hello there, You’ve performed an incredible job. I will certainly digg it and personally recommend to my friends. I am sure they’ll be benefited from this site.

  4. Hi, Neat post. There is a problem with your site in internet explorer, would check this… IE still is the market leader and a big portion of people will miss your magnificent writing because of this problem.

  5. Appreciating the time and effort you put into your site and in depth information you offer. It’s awesome to come across a blog every once in a while that isn’t the same old rehashed information. Fantastic read! I’ve bookmarked your site and I’m adding your RSS feeds to my Google account.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Website