O ano da copa nos reserva muitas surpresas, afinal, o Brasil será sede dos jogos. Para tanto, as capitais, principalmente as que receberão os atletas, estão um verdadeiro caos com tantas mudanças. Assim, o trânsito tem sido o dos piores.
Aos dezessete dias do início de 2014, numa sexta-feira debaixo de um calor de mais de 30 graus, eu, um cidadão de 56 anos, deixo minha empresa por volta das 16h15 com destino ao cartório mais próximo que fica a 10 km, na urgência de retornar às 17h.
Ciente de que, na sexta-feira, a aglomeração de pessoas no cartório costuma ser maior, já vou acionando São Cristóvão para que eu não me agarre no trajeto, porque, certamente o farei no cartório.
Entro no carro apressadamente, afivelo o cinto e já vou dando a partida após ser informado de que o trânsito está um marasmo, pois, além das inúmeras obras, criando um caracol de desvios e afunilamento das pistas, o céu escureceu repentinamente e a chuva de verão já me faz acionar o limpador de para-brisa. Concluo que, se sem chuva o congestionamento já é grande, com chuva então…
Num desvia daqui, desvia dali, “corta, costura”(com segurança e responsabilidade), estaciono o carro numa baliza perfeita, que para muitos motoristas seria impossível – talvez por isso achei esse “buraquinho” que ninguém se atreveu a preenchê-lo –, entro no cartório exatamente às 16h35, marcados no relógio.
Parecia um salão de festas: contei exatas 62 pessoas entre as assentadas e as que permaneciam em pé por falta de lugares…
“Não vai dar tempo”, pensei com os meus botões, ao mesmo tempo em que me dirigi ao funcionário que me entregaria a senha.
Em pé, encostado a uma pilastra, conferi o celular com a mensagem da funcionária: “Seja rápido. O cliente já está esperando…”, no mesmo instante em que o painel da senha “apitou”. Já ia responder à mensagem, escrevendo que só um milagre me faria ser atendido em cinco minutos para que eu conseguisse retornar em 15 minutos, quando houve uma insistência no painel da senha, e um homem ao meu lado leu meu número de senha que conferia com a do painel.
Mais que depressa me dirigi ao guichê que, em cinco minutos, autenticou e reconheceu a firma nos documentos que lhe apresentei, entregando-me o envelope.
Rapidamente, deixei o cartório, entrei no carro e cheguei pontualmente na empresa às 17 horas.
Ao retirar os documentos do envelope, dei com a senha que me foi entregue e, num misto de decepção e ao mesmo tempo de alívio por ter conseguido honrar meu compromisso, constatei que a senha era PRIORIDADE.
Bem, considerando que senha de prioridade é dada às gestantes, deficientes, mães com crianças de colo e idosos, e não me enquadrando em deficientes…, apesar de satisfeito pelo desfecho, mas convencido de que não aparento nem ter entrado na casa dos cinquenta, creio que se eu tivesse conferido a senha, esqueceria o meu urgente compromisso e teria entrado com um processo contra o atendente que me deu a senha, exigindo DANOS MORAIS!
Ótimo, muito melhor do que eu esperava, sério! Será que é melhor ser confundido com idoso, sem (antes de) ser, ou com uma grávida, sem ser???
Um texto leve, gostoso e cotidiano! Adorei!
Um golaço, eu diria. Pegar um trânsito de sexta, com chuva, em direção ao centro da cidade e ter que ir ao cartório e voltar e tudo isso em 40 min!!
Irei te contratar para fazer as diligências para o meu escritório!
E de brinde eu patrocino a ação de danos morais!
Achei foi graça. Como ainda "somos" preconceituosos e discriminamos o idoso como um defeito ou uma imoralidade. Que coisa heim! Precisamos lembrar que pode ser bom assim como a propaganda da Peps …. Parabéns!