Eu e Florbela

Venha cá, Florbela,

vamos conversar.

De onde você tirou estes versos

tão amargos, tão tristes e tão fortes?

Como sabe você,

que ando perdida, que não tenho norte,

que sou a irmã do sonho e desta sorte,

e que sou a crucificada, a dolorida?

Sombra de névoa tênue e esvaecida,

que o destino impele brutalmente

para a morte?

Que sou aquela que passa

e ninguém vê,

que sou a que chamam sem o ser

e a que chora sem saber por quê?

Você acertou, porque

sou, sim, a visão

que alguém sonhou.

Alguém que veio ao mundo pra me ver,

mas que NUNCA na vida me encontrou!

 

(Versos do soneto “EU”, da saudosa poeta portuguesa Florbela Espanca)

2.816 thoughts on “Eu e Florbela

  1. The subsequent time I learn a weblog, I hope that it doesnt disappoint me as much as this one. I imply, I know it was my option to learn, however I truly thought youd have one thing fascinating to say. All I hear is a bunch of whining about one thing that you might repair for those who werent too busy in search of attention.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Website